quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Breve comentário desatualizado sobre o Rio

Desatualizado porque me baseio em informações de anteontem e mais antigas para escrever isso.

A parte menos importante do comentário é minha opinião sobre a invasão. Por sinal, cabe ressaltar que tudo isso aqui é minha opinião, pois sou egocêntrico pra caralho, uma expressão que não sei se faz sentido.

Essa invasão foi menos pior do que eu pensava. Até onde eu vi, não saíram matando todo mundo, o que é importante. Não sei se é pra manter a opinião publica favorável ou se o pessoal ficou esperto. Por outro lado, invadiram a casa de todo mundo que puderam e ainda deixaram os traficantes fugirem pelo esgoto. Agora pode me dizer como ninguém saber que essa saída era possível, visto que, como obra pública, alguém da prefeitura deveria ter o conhecimento disso?

Outro ponto questionavelmente positivo é que seja mantida a invasão dos morros até se formarem as UPPs lá dentro. Tenho minhas dúvidas quanto a essas unidades, mas até agora se tem falado bem delas, então deixa isso como positivo. Contudo, não é exatamente democrático ter milhões de cariocas em estado de sítio até que isso aconteça.

Depois disso, dizer que a solução é fazer investimentos em saúde, educação, saneamento, etc. é chover no molhado.

A cobertura de guerra é impressionante. Trocentas matérias em jornais, revistas, blogues e o caralho a quatro. E alguams matérias bem escritas inclusives. Números gargantuanos divulgados sobre quantidade de drogas e dinheiro apreendidos nas favelas mostram bem a situação em que se deixou chegar o Rio. Mas isso não resolve. Com esse volume de recursos presentes, ainda acreditam que quem se beneficia de tudo isso está na favela? Não vou dizer que a ação atual não foi importante porque os ataques que estavam ocorrendo deveriam parar de alguma forma. Porém, é apenas uma vitória parcial de uma batalha na geurra contra o tráfico. Muitas águas vão rolar.

Enquanto elogio não ter ocorrido um massacre, fico abismado com a opinião de algumas pessoas. Depois dos preconceitos religiosos manifestados nas eleições e contra os nordestinos depois delas, aparece o preconceito contra o pobre. Não raros por aí dizem que deveria matar todo mundo. Acham que tem que se apertar a favela até sair suco de droguinhas. Têm orgasmos múltiplos toda vez que se mata um bandido. Mas só se for pobre. Tem gente que ainda prega os "direitos humanos pra humanos direitos" mas daí eu pergunto quem é mais direito: o trabalhador que tenta uma vida dura, porém honesta, que não tem condições de sair do dominio do tráfico (praticamente um povo que não saiu da ditadura ainda, em pleno ano de 2010) que quando tiram os traficantes dali entra a policia invadindo a casa ou aquele estudante universitário que fuma uma maconha no fim do dia porque teve uma prova muito dificil? Eu sou a favor da legalização da maconha, mas enquanto for proibida, só financia o tráfico, então é bom conceituar meu exemplo.

Então, entro na pagina do clicrbs hoje e encontro um jogo com a já famosa fuga dos traficantes. http://www.kongregate.com/games/pindorama/fuga-da-vila-cruzeiro/
O "jogo" diz que não tem objetivos, apenas dá uma possibilidade de escolha. No entanto, as únicas coisas que se podem fazer nele são ficar parado ou atirar em todo mundo. Bem chato dos dois sentidos, e tem um contadorzinho ali em cima com foragidos e mortos. Pra mim, a empresa só quis faturar em cima do evento com um "jogo" porquera que deve ter sido teta de fazer. Coloco entre aspas porque não sei a definição de jogo, mas isso me parece apenas procrastinação barata e ineficiente.

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E AGORA, O BREVE COMENTÁRIO.
Das minhas leituras de esquerda e levemente subversivas diárias, comecei a achar a questão dos direitos humanos interessante. Cada dia mais meu entendimento é de que tensões não se apaziguam com mais tensões. A ruptura (que ocorre quando se passa das tensões limites) nunca é um concerto conserto, uma solução. Da mesma forma, não é matando bandido que se resolve a criminalidade e sim matando a corrupção. Mas como temos condições morais de enfrentar essa luta tão dificil (e aparentemente tão distante do cidadão comum) se enchemos o peito de orgulho ao contar vantagem de como burlamos regras para obter algum beneficio, ou nos sentimos meio imbecis quando somos penalizados ao seguir o caminho certo, sem pegar os atalhos da vida?

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PS. Andei lendo comentários de que essa situação do tráfico é culpa do capitalismo, consequencia das leis de mercado, e todo esse trololó aí. Não posso acreditar que o capitalismo seja bom ou ruim, apenas que quem tem o controle dos mecanismos pode ter atitudes boas ou ruins. O que eu acredito é que a falta de regulação e controle é que provoca excessos. Acho que quanto maiores os poderes e responsabilidades que um ente possui, maior a necessidade de haver regras que impeçam abusos desse ser. E isso vale para qualquer coisa da vida, qualquer sistema econômico, político, social, etc. Afinal, usando o exemplo mais clichê do mundo, a energia nuclear ao mesmo tempo em que alimenta usinas no mundo inteiro cria bombas com grande poder de destruição. Ou melhor, ela não cria nada, quem cria são os que a controlam.

Um comentário:

  1. Bah..
    pensei que era só eu que estava questionando todos os fatos relatados na mega-produção da cobertura da "guerra contra o tráfico".
    Mas mto bom ae!
    Os posts estão cada vez melhores!
    Cumpz! o/

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