domingo, 31 de outubro de 2010

Noite a dois e um duro membro agressivo

Era uma vez dois jovens que não tinham <s>porra nenhuma</s> nada para fazer em um sábado à noite. O motivo era claro, esse sábado antecedia às eleições presidenciais, portanto, a bebida <s>teoricamente</s> só poderia ser consumida se fosse sem álcool. Portanto, para evitar a tentação, esses jovens resolveram fazer um programa mais caseiro.

A noite começa com uma jogatina em um videogame cujo controle apresenta uma forma retilínea e comprida. Diga-se um formato fálico. Porém, como nem tudo na vida são flores, os espinhos apareceram quando acabaram-se as pilhas do controle. Então, pode-se imaginar a tristeza dos dois jovens que não poderiam mais fazer a jogatina a dois da noite. Claro, o melhor programa a dois é sempre ver um filme (ou fazer algo que não acontece com duas pessoas heterossexuais de mesmo sexo que estejam no mesmo recinto, opção nem imaginada).

Escolheram então um filme que rendesse algumas boas risadas. Basicamente, o filme tratava de um tico de um ator pornô possuído por um alienígena serial killer. Dá pra comparar o protagonista do filme com o Serra, que é um careca que come todo mundo. Ou melhor, era um Caralho Voador.

De qualquer forma, o filme era divertido e tosco, o que levou os dois jovens a descerem ao submundo da tosquice musical após o filme. Essa parte vergonhosa não será comentada, mas cabe ressaltar que a Katy Perry é gostosa. Na verdade, dizer que a Katy Perry é gostosa é uma redundância.

Então, pessoal, votem com a cabeça de cima nesse domingo e aproveitem o feriadão pra beber na segunda-feira e curar a ressaca na terça-feira para voltar à labuta na quarta-feira e encerrar a semana na quinta-feira (porque ninguém trabalha na sexta-feira, também conhecida como pré-sábado).

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Pra pensar sobre o valor da vida

A situação dos mineiros no Chile me coloca a pensar. São pessoas simples, humildes, de orçamento mínimo, trabalhando em condições precárias por um salário que provavelmente seja pouco e mal supra as necessidades deles e de suas famílias, mas quando suas vidas estiveram sob risco, montou-se uma operação de milhares, talvez milhões, de dólares para salvá-los. Oras, se a vida humana vale tanto, por que só se preocupar com ela quando ela está em risco? Porque não existe envolvimento para tentar melhorar a vida daqueles que não estão em risco? A vida só vale algo quando se está à beiras de perder-se?

O dinheiro investido em seu resgate é muito mais do que qualquer um deles jamais ganhará. Não entendam que eu estou criticando o fato de se investir dinheiro no resgate dessas pessoas, é fundamental que haja todo esforço possível para o resgate destes mineiros e para a manutenção da vida de todos os seres humanos, mas acho uma hipocrisia sem tamanho que esse tipo de comoção e movimento seja feito só nos momentos de tragédias, sendo que se essas pessoas estivessem morrendo de fome, nada seria dito, noticiado ou se tornado um fenômeno midiático como esse, nem teria um monte de gente ao redor, tentando salvá-los, talvez sequer conseguissem um leito em um hospital se estivessem morrendo por alguma doença ou em decorrência de um acidente.

É algo que me faz pensar no valor que se dá ao ser humano, na inconsistência da nossa "solidariedade", na nossa incapacidade de modificarmos esse cenário de banalização da vida e a sociedade egocentrica em que vivemos.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Eleições sentimentais 2010

Caro π/4 leitor e π*3,8 seguidores de blog, estou de volta com uma das minhas (por ora) raras atualizações para tecer meus comentários das eleições desse ano. Será um texto recheado de amor, de ódio, de esperança, de preconceito, de teorias da conspiração, ou de muitas palavras sem sentido, porque agora é cedo da madrugada e eu não pretendo revisar o texto antes de publicar.

Faz instantes eu tuitei (@pedrobode) esse texto http://tinyurl.com/253ygnv. Primeiro, é importante ressaltar que o que eu quero aproveitar são apenas fragmentos. Não vou discutir sobre guerra formada pela mídia, ou qualquer coisa do gênero porque não tenho inforamções nem formação suficiente para tecer tais comentários. O que me interessa está na parte final do texto, que trata do bombardeio de informações ao leitor (consumidor), reduzindo a capacidade de análise de tal produto.

Nessas eleições, assim como nas outras (poucas e recentes) que eu me lembro, tivemos grande quantidade de informações recebidas tanto pelos meios tradicionais (jornais, revistas, radio, televisão), quanto por meios de, de certa forma, menor visibilidade como panfletos [1] ou, o que mais me incomodou e é muito mais comum atualmente, os emails.

Enquanto nos meios tradicionais se falava basicamente de escândalos (jornalistas) e de fazer uma campanha limpa (candidatos), nas informações veiculadas por meios alternativos tinha basicamente sujeira. De todas as espécies. Antes de comentar a sujeira, eu gostaria de comentar, assim como já vi alguém blogando por aí, que esses escândalos na mídia têm um efeito positivo. Por um lado, o efeito instantâneo é forçar a investigação de um potencial caso de corrupção. Por outro, força os governantes a serem mais cautelosos quanto a quem vão deixar participar do governo. Ou seja, sai queimado, mas sai melhorado.

O meu problema com os emails foi a quantidade de mentiras que li. Claro, mentiras circulam por tudo que é lugar. Boatos existem nos menores grupos de conhecidos. Porém, a prática do spam mentiroso ultrapassa qualquer limite do bom senso. Eu evitei comentar muito sobre política nessas eleições, basicamente porque, embora meus candidatos estivessem escolhidos, minha convicção neles não estava definida. E eu também não queria enfrentar a raiva cega dos opositores. Isso não evitou que informações totalmente caluniosas, aparentemente surgidas de uma viagem de ácido de alguém fascinado em teoria da conspiração, chegassem a mim.

O que me deixou assustado, indignado e, de certa forma, deseperançoso quanto à humanidade [2] foi quanto a quem estava me transmitindo tais informações. Não eram desconhecidos, não eram pessoas que eu pudesse considerar ignorantes, não eram pessoas de qualquer forma incultas. Eram conhecidos, que têm grande capacidade mental e crítica em muitas áreas (principalmente nas ciências exatas), mas não são capazes de verificar as informações que recebem antes de encaminhar para todos os seus contatos. Eram informações de encher os olhos de qualquer um que vê conspiração em todos os lugares, mas que menos de 1 minuto de busca no Google eram facilmente desmentidas.

Perguntei-me então: o que levou essas pessoas a fazerem tão grave difamação de pessoas que não conhecem, e que, a principio, nunca lhes fizeram mal? Tem duas respostas que achei mais plausíveis. Uma delas, má-fé, que foi o que começou tudo (afinal, alguém escreveu o email). A segunda, o aspecto emocional, que é o que me levou a escrever esse texto, depois de tanta enrolação[3].

Essa parte emocional vem da nossa própria formação. Vem daquilo que aprendemos desde que somos pequenos. Vem dos valores da família. Claro, podemos ter várias famílias durante nossas vidas, vários crescimentos, podemos "nascer de novo" mudar nossa visão sobre o mundo, mas isso já foge da discussão. A questão é que as pessoas ficam impresas em alguns valores sem nenhuma forma de escapar, que nem essa tortura aqui. Isso toma tais seres de sentimentos tão fortes que estimulam um pré-julgamento de qualquer coisa que porventura encontre na vida. Ou seja, esses valores criam o preconceito. E é basicamente isso que eu tenho visto.

É impossível qualquer discussão evoluir quando não são apresentados os contrapontos das ideias. Quando todos concordam, ninguém é capaz de criticar o que está em jogo. Porém, se a voz discordante sofre do preconceito das outras vozes, é simplesmente ignorada por ser falsa, ou ser inferior, ou quaisquer outros adjetivos que puderem ser dados. Mas essa voz quer ser ouvida. Essa voz não se cala. Essa voz tem argumentos que fazem sentido, são lógicos, podem ser criticados. Mas não é possível, porque suas opiniões são falsas! Então os preconceituosos começam a ficar incomodados. E aí criamos o ódio.

O ódio já torna toda a discussão cega. O ódio não chega nem a ouvir a opinião, já prega contra a opinião alheia antes dela ser formada, quem diria quando for comunicada ou ouvida. E aí cortamos qualquer espaço de discussão. As chances da voz opositora ser ouvida são minimas, e é criado o conflito. Então, remetendo ao que comentei acima, esse odio muitas vezes escondido das pessoas que me fez evitar comentarios sobre politica, porque muitos não querem saber de contraponto, estão sempre certos, começam a xingar, eu me irrito também, e todo mundo quebra o pau.

Agora, os valores transmitidos pela(s) família(s) não precisam ser, necessariamente, julgamentos sobre os diferentes. Existem duas palavras que eu acho que são chaves para qualquer discussão saudável. A primeira, a tolerância. Por mais que nossos interlocutores se oponham às nossas ideias, nós devemos tolerá-los antes de criticarmo-nos [4]. E eles também devem ser tolerantes, afinal, quem emite uma opinião está sujeito a ouvir uma opinião contrária. E esse debate é saudável. Abre um mundo de possibilidades às quais, pela nossa opinião limitada, não sabíamos da existência.

A segunda palavra chave, e correndo o risco de ser deveras piegas, é o amor. Devemos amar às nossas ideias como amamos a nós mesmos. Esse foi o melhor contraponto que encontrei à ideia do ódio exposta acima. As nossas causas devem ser defendidas porque elas têm valor para nós. As nossas ideias devem ser evoluidas porque nada do que amamos pode ficar para trás [5]. Então, não deve ser o ódio a embasar nossas discussões, e sim o amor. Não devemos praticar o preconceito, e sim a tolerância. E digo mais, a tolerância e a curiosidade estão fortemente relacionadas. Se não toleramos o diferente, por que ele seria atraente a nós? Por que teríamos vontade de conhecê-lo?

Então, a pequena ligação que eu queria fazer com o texto linkado era que, no meio da avalanche de informações que recebemos, a quantas (e mais importante, a quais) delas estamos abertos o suficiente para fazermos uma análise critica do que lemos, e a quantas emitimos nosso valor pré-julgado de verdadeiras ou falsas, seguindo unicamente nosso preconceito ao comunicador ou às suas ideias?

Notas
1. aqueles que impedem pessoas estabanadas que nem eu, ou de salto, de caminharem no dia das eleições.
2. aqui eu gastei praticamente toda a barrinha de especial dramático;
3. estou com um texto trancado aqui porque enrolei demais e fiquei com preguiça de reler para torná-lo legível;
4. se a palavra estiver errada, favor me avisar;
5. "n" interpretações possíveis para deixar para trás o que amamos.

PS
O texto ficou longo, acho que depois do trabalho de conclusão perdi toda a minha capacidade de síntese. Também acabei virando a noite porque não queria perder a oportunidade de escrever agora, já perdi outras sobre outros assuntos e nunca mais consegui publicar. Se alguém quiser saber onde procuro informações, é só perguntar pra mim ou pro Fred, ele deve saber o que eu compartilho no Google Reader (se lê, são outros 500, mas tenho certeza que tolera :P).

PPS
Eu só gostaria de acrescentar que eu fiquei meio chateado vendo blogueiros, outrora críticos, fazendo pura campanha em seus textos. Um dos motivos para eu querer que terminem logo as eleições é poder ler textos críticos de qualidade novamente.