sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

A importância da Mulher Melancia

Toda a discussão sobre a São Paulo Fashion Week me fez pensar sobre os modelos assumidos pelas pessoas normais. Afinal, o modelo é o que está na mídia, seja uma celebridade instantânea, que some mais rápido do que apareceu, ou um ator da globo, que faz novelas dos 10 aos 90 anos.

O problema é o que se usa como modelo? O que será admirado? Quais os padrões que serão adotados pelas pessoas em geral? Infelizmente, a noção recorrente é que o magro é bonito. Não digo o magro saudável, mas o exagerado. É normal estar numa roda de cerveja, falando com os amigos, comentando sobre as gurias no bar, e daí apontando uma guria aqui e uma ali aparece a frase: "aquela ali até que é bonitinha, mas tem uma barriguinha...". Em 80% das vezes, eu acho que não enxergo a barriguinha porque sou míope, ou porque estou bêbado, mas isso não vem ao caso. Duas coisas que eu penso nesses casos: 1) se o peso não é excessivo, ele é irrelevante pra beleza; 2) a barriguinha não é nada fora do natural.

É algo totalmente estranho, já vi gurias nas quais faltava a tal barriguinha, seja porque não tinham mais nada no corpo, seja porque não bebiam e eram meio chatas. Nesse caso, a barriguinha é vantagem, geralmente as gurias que bebem são mais divertidas, e isso sempre tem uma conseqüência.

Eu lembro que uns tempos atrás estavam exigindo atestado de saúde e tal para as modelos entrarem na passarela. Também li esse ano que as gurias estavam mais magras que nunca. Não só li como também vi as fotos. Aquilo definitivamente não é bonito. Lembrou-me daquelas fotos de crianças morrendo de fome em algum país da África ou da América Central assolado pela pobreza, corrupção, guerras e tal, só que eram crianças brancas, altas, e com roupas caras. Digo, com roupas. Sigo adiante, algumas lembravam aquelas fotos que aparecem em livros de história do Egito, com múmias e tal.

Então podemos traçar o paralelo com outro fenômeno, que se criou no outro lado das classes sociais (bom, nas classes "altas" poderia se considerar aquelas mulheres renascentistas, mas eu não acredito que os dois assuntos estejam relacionados). De tempos podemos ver aquelas músicas do hip hop americano falando de "I like big butts and I cannot lie", e mais atualmente o funk brasileiro, desde a popozuda até coisas que eu não lembrarei agora. Recentemente, o funk criou as mulheres frutas, com um padrão totalmente diferente do que se costuma ver. O mais interessante foi a publicidade imensa gerada por mulheres bem fora do padrão estético vigente. Com aqueles corpos, só o Photoshop tira a barriguinha. E a celulite.

Dessas aí, a que eu acho que foi mais exagerada foi a mulher melancia, que apareceu 2 vezes na playboy, se eu não me engano. Claro que teve muito photoshop, afinal, celulite ainda não é padrão de beleza pra ninguém. Embora exagerada, foi interessante ver que tinha público pra tal corpo. E pra acontecer o repeteco, o publico não era pequeno. Embora tenha sido um movimento com seus varios problemas, serviu para criar o contraponto no padrão estético, pelo menos o nacional.

Depois disso, ainda apareceram algumas modelos de tamanhos grandes na mídia. Isso foi bom, mas ainda foi antes da SPFW. Inclusive, parece que essa foi a vingança dos torturadores de menininhas: "Nada de frutas e verduras, quero todo mundo bebendo café e morrendo de fome, pra mostrar qual o osso é mais bonito!".

Puxa, não custa muito achar o saudável bonito. Inclusive, o natural seria isso, eu acredito. Eu lembro de ter um texto circulando na internet dizendo porque as mulheres não deveriam procurar o cara com barriga de tanquinho de lavar roupa, e sim com a barriga de tanquinho de chope. Agora, o cara que tem a barriguinha de chope não pode reclamar da mulher ter aquele pneuzinho altamente apertável. Tem vezes que chega uma guria e diz: "bah, engordei 3 quilos, tenho que ficar uma semana comendo alface", e eu geralmente respondo: "ficou mais gostosa agora, tem mais peito e mais bunda" (tá, a segunda parte não, mas enfim...)

É bom que de vez em quando apareçam essas mulheres diferentes, para dar uma arejada no conceito de bonito do pessoal por aí, mais das mulheres que dos homens, que geralmente não se estressam tanto com isso. Inclusive, em algum blog científico que eu não lembro qual era (assim que lembrar, comento de novo) estava escrito que, segundo uma pesquisa não sei da onde, para uma mesma proporção cintura-quadril, a mulher considerada mais atraente vai ser a mais cheinha. Claro que dentro de padrões normais de peso, é bom lembrar. Entre uma de 30kg e uma de 120kg nenhuma seria atraente, mas pelo menos a de 120 não ia desmaiar depois de caminhar 2 quadras, eu acho.

(observação: esse texto não foi nem será revisado, porque ue não tenho saco de ler tudo de novo)

2 comentários:

  1. Eu leio vários blogs de gordinhas fashionistas. 99% são dos EUA.
    Lendo os blogs das gordinhas do cenario de moda do Brasil, tem vergonha delas mesmas.

    Nesse cenário de moda, o ano passado foi o auge de toda a argumentação sobre o excesso de magreza. Esse ano o assunto esfriou e os poucos responsáveis que foram questionados sobre o assunto, só diziam que o assunto era "tão 2009". Absurdo.

    Enfim, se acontece é porque existem pessoas que se sujeitam.

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  2. E o pior é que o Brasil, teoricamente, é um país que valoriza as curvas. Lembrando aquele comentário de um Schwarzenegger influenciado pela cultura brasileira: "I like bonda".

    Mas esse é um grande problema das tendências. O assunto esfria e fica velho. Saúde não deveria ser assunto datado, nem a física, nem a psicológica. Se tem gente que se sujeita, é porque antes de chegar ao mal físico, está com o mal psicológico. Generalizando, baixa auto-estima.

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