quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Pensamentos difusos sobre o último vestibular.

Dez anos depois do vestibular que moldou meu destino por... dez anos (duh), decidi fazer vestibular de novo. Já pensava em mudar meu foco faz uns oito anos, mas sempre determinei outras prioridades, decisão que pode ou não ter sido acertada. Depois de começar a trabalhar com TI, decidi ir para o caminho que já se desenhava em outros tempos, cursar Ciência da Computação.

Se o curso é necessário pra mim? Não, não é, dá pra estudar tudo por conta própria e existem materiais de estudo excelentes pela internet. E, pros temas mais profundos, existem livros. Mas eu queria fazer o curso, por questão pessoal e um certo apreço à academia.

Sem saber ainda se fui classificado ou não (embora manje dos paranauê das provas objetivas), elaborei umas considerações sobre o vestibular desse ano.
(Por que um texto no blog e não seu equivalente no Facebook? Porque aqui é mais fácil encontrar o texto, este não se perde depois de alguns dias.)
(Por que um texto no Pizzanerds e não no Medium? Porque é um texto pessoal e meio sem relevância, ao contrário do que eu tenho lido por lá :D)

- Uma boa novidade foi decidirem alocar os candidatos via CEP, não via curso. Ter 10 minutos de caminhada até a sala de prova em vez de ~30 minutos de ônibus é bem melhor. Além de evitar problemas de candidatos se atrasando por problemas no trânsito.

- Primeiro dia, adentro o Anexo I da reitoria da UFRGS e lembro do semestre YYYY/S quando fiz Economia neste prédio. As vagas lembranças de uma sala sem ar-condicionado, com cadeiras de plástico dobrável com braço - só o direito, obviamente - me fizeram pensar que seriam 4 dias muito desagradáveis. Nisto estava enganado, faz uns 5 anos que as salas estão reformadas, com cadeiras ainda de braço, mas confortáveis (de plástico não vagabundo), e o tão necessário ar-condicionado no verão forno alegrense. Então, aí foi bacana.

- Inclusive só havia uma cadeira de canhoto na sala e eu achei que ia dar briga. Felizmente, havia somente um canhoto também. Em um achismo totalmente embasado em nada, esperava que tivesse ~10% de canhotos, portanto pareceu estranho ver só uma cadeira. Mas, no final, deu tudo certo. Quiçá os outros canhotos estavam dentre os ausentes.

- Outra estranheza foi que eu esperava ser o mais velho da sala (mas fiquei longe disso). Parece que a sala também não tinha muita gente de 97, segundo minha espiada na folha de presença, ao contrário do que eu esperava, tomando minha idade no vestibular "de verdade" como comparação.

- Teve uma matéria que eu tive certeza antes de fazer que seria ruim: literatura. Sem ter lido nem mesmo um resumo das leituras obrigatórias, não houve muito o que fazer. Mas, pelas questões apresentadas, as obras todas pareceram muito interessantes. Inclusive, gostei bastante de não ter Os Lusíadas nem Saramago na parte de literatura portuguesa. Respeito quem gosta deste, mas eu não tenho paciência pra ler uma frase de 5 páginas.

- Por sinal, se tiver algum "Leituras obrigatórias da UFRGS e-book bundle" eu compro (fica a dica pras livrarias que não vão ler isso). Inclusive, em 2005, como as aulas de literatura já abrangiam toda a bibliografia recomendada, acabei lendo só O Tempo e o Vento (já havia começado O Continente, obrigatório em 2004, e achei sacanagem pular direto pr'O Arquipélago em 2005 sem passar pel'O Retrato).

- Outras 2 matérias com sua dose de complicação são biologia e historia. Ambas matérias exigem a assimilação de um vasto conteúdo para serem dominadas. Ou melhor, domadas, mas não deixam de ser um tanto selvagens. Historia é uma matéria da qual eu gosto, acho seu conhecimento importantíssimo pra todos e volta e meia dou uma lida. Portanto, consegui usar um pouco de lógica pra resolver a prova e o resultado foi bacana. Já biologia eu acho que tem muita coisa para decorar (entender demanda muito mais tempo), sendo dos meus desempenhos medianos.

- Já química tem várias áreas que não fazem muito sentido pra mim. Felizmente, a matéria de ensino médio tem bastantes cálculos que não exigem uma compreensão muito profunda.

- Física é uma matéria que alguns poderiam achar que seria tranquila pra mim. Daí eu tenho que explicar que, como engenheiro civil, meu foco sempre foi em mecânica, não lembrando nada das equações (ou do nome dos termos destas) que modelam os fenômenos físicos. Então, estudei só pra lembrar das equações e da terminologia e isso bastou pra um desempenho razoável. Também por pura sorte vi vários capítulos do reboot da série Cosmos enquanto estudava, então foi bem divertido.

- Fiquei impressionado com a prova de inglês. Nunca antes eu havia acertado tão poucas questões, proporcionalmente, em qualquer prova de inglês - isso envolve ensino fundamental, médio, os outros vestibulares, a prova de proficiência do mestrado e uns tantos concursos públicos. Também foi impressionante que uma quantidade de acertos medíocre me garantiu um desvio padrão acima da média. Digo, terá me garantido se eu não errei na hora de marcar na folha óptica, afinal, fiz tudo com muito sono.

- Já em português deu pra manter o desempenho de outros anos e dos concursos públicos. Ler uma cacetada de livros serviu pra alguma coisa. Se bem que ler os 5 volumes d'A Song of Ice and Fire (fica muito feio misturar as línguas assim) não serviu pra bosta nenhuma em inglês, pelo visto.

- Geografia é uma matéria que no contexto da prova é bastante tranquila. Tem que conhecer um pouco sobre muitas coisas para compreender. Tem alguma sinergia com historia, visto que boa parte das questões é consequência desta. Também tem algumas questões de temas importantes cujas lógicas, entretanto, não são muito complexas.

- O tema da redação eu achei horrível. Apesar de haver muito a divagar sobre a amizade, eu acho também que as divagações tendem a ser um tanto brandas a comentar sobre esse tema. Com tantas questões polêmicas importantes que aconteceram este ano, e que suscitaram discussões um tanto ferrenhas em diversos meios de comunicação (inclusive amigos brigando etc.), perguntar sobre como fica a amizade num contexto de smartphones pareceu uma fuga da realidade.

- Por fim, matemática foi bem tranquilo. Eu só ignorei uma questão que pedia pra fazer uma potência de 10 virar 10, e não 1, não lembrei o que definia uma PG (mas o chute da resposta foi acertado), não consegui encontrar o ângulo DÂB da questão do pentágono antes de encher o saco da prova (pra ter certeza que o comprimento de AB era igual ao de CD e encontrar a reposta correta, 2 x 2 sen 72 = 4 sen 72), e faltou encontrar 2 múltiplos de 6 na questão 49. Esta última eu até programei pra achar o resultado depois, porque a desatenção é uma arte. Na questão do pentágono, depois de encher o saco, decidi marcar a única resposta que não resultado em uma contradição, embora fosse um tanto estranho ter a área do polígono igual à altura (quem ler a questão vai entender o porquê). Outro detalhe de matemática é que, em geometria, eu só lembro das equações de área do trapézio, do triângulo e do círculo (porque são simples). Fazer cálculo 1 já resolve todo o resto das decorebas de fórmula, que eu nunca lembro. Então, fiz 2 derivadas e 1 integral na prova. Pra não dizer que não lembrava de nada, tive que relembrar como funcionava o logaritmo, visto que na engenharia era só uma função na calculadora.

- Lá pelo segundo dia eu refleti sobre minha posição no vestibular. Essa foi minha 5ª participação, a 3ª como candidato. E, tendo sido fiscal por 2 vezes já, nutri uma certa simpatia pelo pessoal trabalhando nas provas. Mas só um pouquinho, porque não sou um cara muito simpático, haha.
 
- Enquanto passava o vestibular eu descobria mais gente conhecida tentando um segundo curso, tanto por encontrar pessoalmente quanto ver as manifestações nas redes sociais. Inclusive fiquei com a impressão de ainda não ter descoberto todos os que se candidataram agora. Inclusive 1 dia depois de escrever esse parágrafo descobri mais um. Inclusive incluo aqui a taxa de ~1 pessoa/dia. Inclusive não fiz essa repetição de palavras na redação.

- A parte positiva de ter feito as prova depois de acumular tanta "experiência de vida" (leia-se, a graduação foi razoável, mas o mestrado inconcluso foi muito bom para calejar o cérebro, além de arrancar alguns parafusos) é que não foi necessária uma grande quantidade de estudos. Uma semana pra revisar e uns chutes bem calibrados garantiram um bom resultado. Por sinal, troco dicas de chute por ceva :D

- Por sinal, por mais que o chute seja uma arte, fazer a redação foi um pouco maçante. Fazia bastante tempo que eu não escrevia (exceto pela redação do ENEM), e eu não tenho entrado em nenhuma discussão que não seja bastante técnica - esta que exige argumentos objetivos e honestidade intelectual, e não somente ganhar um debate - então a minha capacidade de elaborar argumentos e, consequentemente, montar uma boa estrutura textual ficou um tanto prejudicada. Inclusive, só escrevo agora porque finalmente achei um tema pra voltar à prática... daqui a uns 10 meses escrevo o próximo!

Caso tudo dê certo - leia-se: a redação não fique uma bosta -, o próximo desafio vai ser encaixar as aulas com 8h diárias de trabalho (+1h de compensação de greve no primeiro mês de aulas), mas esse problema fica pra depois do Carnaval.

E feliz ano novo pra quem leu tudo até o final. o/

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