quarta-feira, 19 de março de 2014

Fugindo da inércia - morte de Bin Laden

Pessoal, faz tempo que não posto por aqui, mas retornei ao blog e encontrei um texto que eu escrevi há muito tempo, mas não publiquei. Estou publicando somente para não ficar com a sensação de que tenho um assunto inacabado no blog e todos sabemos que os fantasmas só existem por causa dos assuntos inacabados.

Claro que o fato já é antigo, mas o assunto em sí (violência e o desrespeito à vida), infelizmente, não sai de moda.

Ai vai:



Fofinhos, para quebrar o gelo, venho aqui escrever algumas linhas sobre a morte do terrorista Osama Bin Laden.

Acredito que os atos terroristas planejados e financiados pelo Bin Laden tenham sido a mais terrível parte da história recente de nossa sociedade, uma demonstração da suprema ignorância, intolerância, banalidade e violência que podem atingir e destruir nossa pretensa racionalidade, nos transformando em animais muito piores que os irracionais.

Um ser humano que planeja e executa atos que tragam como consequência a morte de outros seres humanos, e ainda é capaz de afirmar que o fez em nome de um deus, só pode ser alguém que tenha sido atingido por essa suprema ignorância, alguém que não entendeu a mensagem de seu deus e distorce as palavras das sagradas escrituras das mais diversas para ratificar seu impulso violento.

Hoje, após quase dez anos de intensa e ininterrupta busca, ele foi localizado e morto por uma tropa americana, em um esconderijo no Paquistão. Nessa noite, americanos se reuniram e comemoraram a morte do terrorista em frente à Casa Branca.

Apesar de toda crueldade e de todos os atos praticados por Bin Laden, a morte, na minha visão, jamais deveria ser comemorada, festejada, brindada, por pior que seja aquele que morreu. Comemorar a morte é tão desumano quanto planejá-la, por mais desespero que este homem tenha trazido para as pessoas, ainda é um ser humano. Não critico a caçada e o ato de matá-lo, mas a espetacularização e o festejo sobre seu cadáver, que demonstram que por mais dor que sintamos com atos desumanos, não aprendemos a ser humanos de verdade e não perdemos chances de demonstrar essa desumanidade que nos acompanha.

Provavelmente eu não seja compreendido diretamente, talvez o texto exija uma re-leitura para um completo entendimento, mas o que eu realmente quero dizer é que, por mais que ele merecesse, nós não devemos dançar sobre sua sepultura e sim, demonstrarmos que por termos sido testemunhas e vítimas de atos desumanos, queremos banir essa falta de humanidade de nossa sociedade, esquecendo, deixando-a de lado e, para tanto, não devemos reproduzir atos imbuídos deste valor (ou desvalor).

Como seres humanos, fomos todos testemunhas e também vítimas dos atentados planejados, financiados e incentivados por Bin Laden, e ainda como seres humanos, devemos ser capazes de pensar sobre sua morte não com alegria, mas sim com a preocupação de criarmos um futuro menos desumano, não apenas abolindo e condenando práticas que sejam permeadas por essa característica, mas principalmente dando ênfase à disseminação de um pensamento mais humano, inclusivo, tolerante, repleto de valores éticos e morais, capaz de tornar as pessoas mais preocupadas com o próximo, compreendendo suas diferenças e limitações, bem como sendo capazes de lidar com essas características e superá-las, abrindo caminho para uma sociedade que seja globalizada não só no âmbito comercial e mercantil, mas também no âmbito humano.

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