domingo, 17 de fevereiro de 2013

O Retorno (1/2) - Sobre a Fofoca

Depois de 2 anos, 1 mês e 5 dias, espero ter o ânimo de voltar a publicar minhas bobagens por aqui, já que elas têm que tomar seu rumo pra liberar o espaço em disco pra bobagens novas.

Eu costumo dizer que a fofoca é um meio de auto-defesa. Enquanto governos têm suas agências de inteligência, o cidadão comum tem a fofoca.

Embora a fofoca seja geralmente vista como ruim, eu ejo como apenas uma troca de informações entre as pessoas quando seus assuntos pessoais já se extinguiram, algo bastante natural entre seres que precisam se comunicar constantemente. Assim, a fofoca permite que se conheça melhor (e de forma mais rápido, porque ela tem um certo dinamismo) as pessoas com quem se convive. Isso vale tanto para o sujeito da fofoca (o que espalha a informação) quanto para o objeto (o que é relacionado na informação).

Uma parte muito importante da fofoca é o fofoqueiro. Suas intenções e seu relacionamento com o fofocado são tão importantes quanto o fato da fofoca em si. Isso porque na fofoca ocorre o efeito do telefone sem fio: a cada retransmissão a historia se altera um pouco, de acordo com quem conta. Assim, a confiança que se deve ter na historia é a mesma que se dá numa corrente do facebook.

Então, se houver a intenção de repassar a informação, é bom que fique claro que: a) quando tu repassas uma informação sobre outrem, ao mesmo tempo estás passando informações sobre ti e; b) o risco é grande da informação ser falsa ou estar bastante distorcida, caso não seja verificada.

E agora, com todo esse risco da informação não ser confiável, como é que a fofoca pode ser útil mesmo? Eu vejo as informações de fofoca como partes de um quebra-cabeça. Se a historia vier muito alterada, a peça na verdade faz parte de outro quebra-cabeça, e cabe ao receptor usar seu discernimento para filtrar as informações e colocá-las em seu devido lugar. E esse quebra-cabeça sempre terá mais peças a acrescentar, nunca estará completo. Se nem sobre nós mesmos conseguimos ter conhecimento pleno, imagina se poderíamos ter sobre os outros.


E uma questão final: fofocar é errado? Se é certo ou errado, não sei dizer. Mas eu acho que é natural. Na minha visão pessoal, não é errado se a informação não for difamadora, nem confidencial (e talvez algum outro critério que eu não lembre agora, mas esses são essenciais). Também lembro que informação confidencial não é aquela que vem num envelope com um escrito de "ULTRA SECRETO" em letras garrafais, e sim aquela informação que é de algo mais delicado, ou que simplesmente a pessoa sobre a qual se fofoca não queira que seja compartilhada. E esse tipo de classificação varia de pessoa pra pessoa, então é necessário algum tato pra não falar bobagem por aí.

A parte 2 d'O Retorno será um complemento desta primeira, mas não relacionada com fofocas, exatamente. Até lá, ouve aí esse som do caralho: Kruger

Kruger_Dukes_Rock Altitude 2010 from PATLALA. on Vimeo.

Um comentário:

  1. Engraçado é que eu fiquei pensando nas redes internacionais de espionagem. Não passam de fofoqueiros "chiques" auehuaheuhaue

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